Adriano Corrêa superando o câncer e cruzando a linha de chegada: a história de um corredor do Vale do Paraíba
Aos 37 anos, Adriano Corrêa, um corredor de rua da cidade de São José dos Campos, interior de São Paulo, que pratica o esporte há 12 anos, enfrentou uma jornada de superação contra um tumor no mediastino, uma área próxima ao coração e aos pulmões. O diagnóstico foi um golpe duro, repleto de medo e incerteza, especialmente com sua esposa grávida do primeiro filho.
A corrida se tornou um pilar fundamental em sua vida antes mesmo de receber o diagnóstico de câncer. Pesando quase 92 kg e enfrentando uma rotina desregrada, ele decidiu mudar seu estilo de vida em busca de saúde e bem-estar. Inicialmente, começou a correr e fazer caminhadas em uma esteira em casa, mas logo se aventurou nas ruas, descobrindo uma paixão pela corrida ao ar livre. Com o tempo, participou de provas de 5 km, 10 km e até mesmo uma meia maratona. Essa prática se revelou como uma terapia essencial em sua vida, preparando-o para enfrentar os desafios que ele nem imaginava que estavam por vir.
“Enquanto eu me preparava para a minha primeira maratona percebi algo errado. Repentinamente, uma falta de ar intensa me impediu de acompanhar meus colegas de treino”, relembra Adriano antes de receber o diagnóstico devastador de linfoma não Hodgkin (LNH), um tipo de câncer que tem origem nas células do sistema linfático e que se espalha de maneira não ordenada.
Já diagnosticado, a paixão pela corrida se tornou um farol de esperança para o corredor. Enquanto enfrentava os desafios da quimioterapia e lutava contra os momentos de dúvida e desespero, ele encontrava conforto na ideia de que a corrida representava sua própria batalha contra o câncer. “A corrida era minha metáfora para essa batalha. Eu estava correndo contra a doença”, diz ele. Mesmo nos momentos mais sombrios, a determinação de Adriano em voltar a correr e superar seus limites era alimentada pela promessa de um futuro melhor, não apenas para si mesmo, mas também para seu filho que estava prestes a nascer.
Para se manter ativo, mesmo quando levantar da cama parecia uma tarefa monumental, ele persistia, carregando seu relógio e celular no bolso durante as sessões do tratamento para registrar cada passo enquanto caminhava pelos corredores do hospital. Esses momentos simples de atividade física, mesmo que breves, traziam-lhe uma sensação de prazer e realização, reforçando sua determinação e oferecendo uma lembrança da sua antiga rotina em meio à batalha contra o câncer.
Seus amigos corredores acompanharam toda a jornada ao lado de Adriano que conta emocionado sobre homenagem feita na Meia Maratona de São Paulo, onde correu seus primeiros 5km ainda em tratamento, “Todo mundo fez uma camiseta surpresa com uma mensagem pra mim, e eu estava lá junto, foi um momento muito marcante, uma atitude que me impulsionou muito”.
No início, Adriano enfrentou dúvidas e medos naturais, como qualquer pessoa diante de um desafio tão grande quanto a batalha contra o câncer. Com uma nova mentalidade, ele passou a visualizar seus objetivos com otimismo, aspirando a retomar suas atividades favoritas, como correr, e até mesmo almejando novos desafios, como completar uma maratona. “Eu pensava o tempo inteiro que queria poder voltar a correr, né? Eu queria poder fazer uma maratona na minha vida. Eu queria estar bem fisicamente para poder cuidar do meu filho”, compartilha Adriano. Seu desejo não era apenas recuperar sua saúde, mas também inspirar outros e mostrar que a atividade física pode ser uma ferramenta poderosa na luta contra a doença.
Ao destacar o papel crucial da corrida em sua jornada de recuperação, ele ressalta como a prática regular de exercícios o ajudou a compreender seu corpo e a identificar sinais precoces de problemas de saúde. “Se não fosse pela corrida, onde eu já conhecia o meu corpo, que fez eu identificar uma falta de ar, se eu não tivesse correndo, talvez eu sentiria essa falta de ar numa hora que eu estivesse brincando com o meu filho ou fazendo alguma atividade que não era comum pra mim, eu ia achar que tava tudo bem e não ia correr atrás. E talvez isso seria crucial para eu não ter tempo de me recuperar, de me tratar. A corrida salva vidas, as atividades físicas salvam vidas”.
Hoje, com três filhos e uma determinação inabalável, ele continua a desafiar seus próprios limites, completando sua 13ª maratona e participando ativamente de corridas de rua.
Fonte: Adriano Corrêa/Divulgação.