Manter a rotina de exercícios físicos durante a gravidez é uma preocupação comum entre as futuras mamães, especialmente para aquelas que já praticavam a corrida antes de engravidar. Para entender melhor os cuidados e benefícios da corrida durante a gestação, entrevistamos a fisioterapeuta pélvica Gabriella Mancilha, especialista em saúde feminina e atividades físicas na gravidez.
“A fisioterapia pélvica ainda não é muito conhecida, sendo geralmente associada apenas a gestantes que pretendem ter um parto natural”, explica Gabriella. “Na verdade, ela é benéfica mesmo para aquelas que planejam uma cesariana, pois a musculatura do assoalho pélvico precisa ser trabalhada da mesma forma. Ela precisa ser fortalecida e ativada para dar toda sustentação necessária aos órgãos pélvicos, como bexiga, útero e reto.”
Para as gestantes que já são corredoras, a boa notícia é que a prática não precisa ser completamente interrompida. Gabriella recomenda ajustes na intensidade e na frequência dos treinos. “A mulher que já praticava corrida não precisa parar suas atividades, mas é importante diminuir a intensidade. Geralmente, o médico pede a pausa durante os primeiros três meses e libera para voltar logo depois, se estiver tudo bem.”
A corrida durante a gravidez pode trazer inúmeros benefícios, como a redução do risco de diabetes gestacional, hipertensão, pré-eclâmpsia e obesidade. No entanto, é crucial que a gestante tenha acompanhamento multidisciplinar, incluindo obstetra, nutricionista, educador físico e fisioterapeuta, para monitorar batimentos cardíacos, pressão arterial e outras possíveis disfunções.
“Durante a gestação, o corpo passa por mudanças hormonais que preparam para o parto, o que pode causar relaxamento dos ligamentos, tendões e músculos, resultando em dores e desconfortos, especialmente na região lombar”, explica Gabriella. “A fisioterapia pélvica ajuda a fortalecer e ativar a musculatura do assoalho pélvico, proporcionando melhor sustentação dos órgãos e do bebê, além de prevenir incontinência urinária.”
Com o crescimento do feto, os órgãos da mãe são comprimidos, o que pode aumentar a frequência das idas ao banheiro. “Com a musculatura do assoalho pélvico fraca, uma bexiga com sua capacidade diminuída e cheia, junto com o impacto da corrida, a gestante pode ter escapes de urina. Isso pode acontecer, mas lembre-se de que não é normal!”, adverte Gabriella.
Ela enfatiza que, apesar de a corrida ser benéfica, é importante saber a hora de reduzir o ritmo ou parar. “A corrida faz com que a circulação sanguínea se concentre nos membros inferiores, podendo reduzir o oxigênio para o feto. Quando a gestante não se sentir mais confortável, mais cansada, ou tiver mais dificuldade por conta do peso da barriga, é interessante parar ou ficar apenas nas caminhadas, sempre com o aval do médico.”
Gabriella também destaca a importância de começar a fisioterapia pélvica até mesmo antes da gravidez. “Procurar uma fisioterapeuta antes de engravidar ajuda a preparar a musculatura para receber o feto e continuar com suas atividades sem disfunções durante a gestação. Além disso, a fisioterapia ajuda a evitar lacerações no parto e facilita o trabalho de expulsão do bebê.”
A prática de corrida durante a gravidez, quando realizada com os devidos cuidados e acompanhamento profissional, pode ser segura e benéfica, proporcionando uma gestação mais saudável e ativa para as futuras mamães atletas.
Fonte: Gabriella Mancilha.