
Desde sua estreia em 1925, a Corrida Internacional de São Silvestre se consolidou como uma das principais e mais tradicionais provas do Brasil e do mundo. Prestes a completar 100 anos de história, a São Silvestre é uma celebração do espírito esportivo, marcada pela história, superação e excelência esportiva, encerrando cada ano com uma corrida que inspira atletas e espectadores em todo o país.
A Origem:
A Corrida Internacional de São Silvestre foi idealizada pelo jornalista Cásper Líbero, inspirado na Maratona de Nova Iorque e em uma corrida noturna em Paris, teve sua primeira edição no dia 31 de dezembro de 1925. A escolha da data não foi por acaso; a corrida homenageia o santo cristão Silvestre I, cujo dia é celebrado em 31 de dezembro. Inicialmente, a São Silvestre tinha como percurso o trecho entre os bairros de Brás e o centro da cidade de São Paulo, com cerca de 8,8 quilômetros.
A Evolução do Percurso:
Desde sua primeira edição em 1925, a Corrida Internacional de São Silvestre passou por diversas mudanças e expansões em seu percurso. Inicialmente, a corrida era disputada apenas por homens, mas a partir de 1975, as mulheres foram autorizadas a participar. Em 1945, a largada foi transferida para o Obelisco do Ibirapuera e o percurso ampliado para 7,3 milhas (aproximadamente 12 km). Em 1952, a largada foi novamente modificada, passando a ser na Av. Paulista, onde permanece até hoje. Neste ano, o percurso foi estendido para 7,5 milhas (aproximadamente 12,1 km) e, em 1953, para 8,2 milhas (cerca de 13,1 km). A partir de 1980, a corrida passou a ter um percurso de 15 km, mantendo a largada na Avenida Paulista.
Participação Internacional:
Nos primeiros anos, a competição era destinada exclusivamente a corredores brasileiros, mas em 1940, com a presença do japonês Kanzo Shoji, o evento começou a atrair corredores internacionais. Desde então, a São Silvestre se tornou uma competição internacional, com a participação de atletas de diversos países. A presença de atletas estrangeiros contribuiu para elevar o nível competitivo da prova e para consolidar a São Silvestre como uma das principais corridas de rua do mundo, atraindo corredores renomados e atenção da mídia internacional. Ao longo dos anos, a competição testemunhou a presença de grandes atletas estrangeiros, incluindo Abel Antón, Robert Cheruiyot, Paul Tergat, Derartu Tulu, Tegla Loroupe, e Haile Gebrselassie. Em 1975, as Nações Unidas declararam aquele ano como o Ano Internacional da Mulher. Os organizadores da São Silvestre aproveitaram o momento para realizar a primeira corrida feminina no mesmo ano. Nesse sentido, como uma resposta ao apelo da igualdade entre os gêneros, a organização da prova incluiu as mulheres na disputa. O evento feminino começou já com livre participação internacional, e a primeira mulher a vencê-lo foi a alemã-ocidental Christa Vahlensieck, que triunfou duas vezes seguidas. A primeira vitória brasileira ocorreu somente vinte anos depois, quando a brasiliense Carmem de Oliveira venceu em 1995.
Momentos Marcantes:
A São Silvestre já foi palco de momentos históricos e marcantes. Em 1959, teve a participação notável de Kenneth Kaunda, da Zâmbia, que mais tarde se tornaria presidente de seu país, marcando um dos primeiros momentos de projeção internacional do evento. Em 1982, a corrida estabeleceu um recorde de público, com cerca de 4 milhões de pessoas assistindo entusiasticamente à competição das calçadas, mostrando o amplo apelo e a importância cultural do evento.
A Maratona de 1989:
Em 1989, a corrida se transformou em uma maratona de 42 km, em homenagem ao centenário da Gazeta Esportiva, organizadora da prova. Essa edição histórica foi vencida por José João da Silva, de Portugal, e pela mexicana Olga Appell, tornando-se um marco inesquecível na história da competição. Esta mudança significativa redefiniu o padrão da corrida, introduzindo novos desafios e atraindo atenção internacional.
Vencedores Históricos:
Ao longo dos anos, a São Silvestre viu muitos vencedores e grandes nomes do atletismo mundial cruzarem sua linha de chegada. Entre os brasileiros, Adauto Domingues, um dos corredores brasileiros mais bem-sucedidos, foi o primeiro a conquistar o título quatro vezes. Sua impressionante série de vitórias ocorreu em 1941, 1942, 1943 e 1944, estabelecendo um recorde que perdurou por muitos anos. Vanderlei Cordeiro de Lima, um dos maiores atletas do país, marcou sua presença na São Silvestre em 2003, conquistando a vitória e entrando para a história do evento.
No cenário internacional, temos o etíope Paul Tergat, que venceu a corrida cinco vezes. Sua primeira vitória ocorreu em 1995, seguida por conquistas em 1996, 1998, 1999 e 2000. Outra grande figura é a queniana Tegla Loroupe, que detém o recorde de quatro vitórias. Loroupe brilhou nas edições de 1995, 1996, 1998 e 2002, deixando uma marca indelével na história da corrida. E, é claro, não podemos esquecer do bicampeão Marílson Gomes dos Santos. O brasileiro conquistou a São Silvestre em 2003 e 2005, demonstrando habilidade, resistência e determinação em duas vitórias que ficaram gravadas na memória dos fãs de corrida. Com uma série de conquistas e um legado que inspirou muitos, Marílson Gomes dos Santos é uma figura emblemática da São Silvestre.
Edições Recentes:
A São Silvestre de 2020 foi um evento histórico e desafiador. Com a pandemia de COVID-19, a corrida teve que ser adaptada para o formato virtual, proporcionando aos corredores a oportunidade de participar do evento sem comprometer a segurança. Apesar dos desafios, mais de 18 mil pessoas participaram, correndo em suas cidades e registrando seus tempos por meio de aplicativos e dispositivos de GPS. Em 2021, a corrida manteve o formato virtual, refletindo as circunstâncias ainda desafiadoras impostas pela pandemia. Novamente, os participantes correram em suas próprias cidades e registraram seus tempos remotamente. A edição contou com a participação de milhares de corredores de todo o Brasil, mostrando a resiliência e a paixão dos atletas pela tradicional prova de fim de ano. Porém, em 2022, a corrida retornou ao seu formato tradicional. Após dois anos de eventos virtuais, milhares de corredores se reuniram nas ruas de São Paulo para competir em uma das mais icônicas provas do calendário esportivo brasileiro. O retorno ao formato presencial trouxe de volta a energia contagiante das multidões de espectadores, proporcionando uma experiência única para atletas e entusiastas de corrida. Com medidas de segurança rigorosas em vigor, a edição de 2022 da São Silvestre representou um símbolo de superação e renascimento, mantendo viva a tradição da mais emblemática corrida de rua do Brasil.
Sendo uma das corridas mais antigas do mundo, a São Silvestre é parte da história do Brasil e uma tradição inigualável. O evento anual, que acontece no último dia do ano, faz parte do calendário do país e já se tornou uma tradição, um símbolo de esperança, renovação e superação.
Fonte: Gazeta Esportiva/Divulgação
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A primeira prova saiu da Avenida Paulista, em frente ao Belvedere da Paulista, conhecido também como Trianon. Não existe fotos da prova, devido a forte chuva que caiu naquela noite